Após um prolongado interregno, volto à página do anadiatemvoz.
Desta vez para abordar um tema, algo polémico com cujas consequências diariamente nos deparamos.
Refiro-me à diáspora chinesa cada vez mais espalhada pelo mundo, realidade bem perceptível no nosso dia-a-dia quando nos deparamos com cada vez mais e maiores espaços comerciais, anunciados com as típicas lanternas esféricas vermelhas com desenhos de dragões e outras alegorias àquele país.
Mas não é só nestas lojas que os produtos “made in China” abundam. Eles atulham, também os grandes supermercados e pequenas lojas de qualquer bairro ou lugarejo.
E esta é apenas a realidade mais visível, à qual a maior parte dos cidadãos já é indiferente, pela habituação.
Todavia, a influência dos produtos chineses é muito mais vasta e, na minha opinião, preocupante, na medida em que eles ocupam, já, as preferências de grandes investidores institucionais, nomeadamente na área das tecnologias de ponta.
É o caso - como referia e Jornal Expresso na anterior edição - da portuguesa PT, da norueguesa Telenor, da inglesa Telefónica 02 e da italiana Telecom, que, no que imaginamos serem investimentos de vários milhões de Euros optam por equipamentos “made in China”
Será a qualidade dos produtos ou o preço, os determinantes desta opção? Preço esse que, para além de beneficiar das condições de produção que todos conhecemos será, ainda, segundo o mesmo jornal, favorecido por subsídios do governo chinês e pela prática de "dumping" praticado pelos empresas produtoras, práticas proibidas nas economias ocidentais?
Há cerca de um ano atrás, alguém conhecedor da matéria, revelava que a China, não obstante ter muita gente, importava da Europa o mesmo que a Suécia. Convém lembrar que a Suécia tem um número de habitantes inferior a Portugal. Isto foi a pouco mais de um ano quando em Portugal milhares de trabalhadores ficavam desempregados, nos têxteis, no calçado, até na Quimonda, devido à concorrência desleal oriunda da Ásia. Nesta altura o valor das exportações portuguesas para a RPC representavam – representam - pouco mais do que o reforço de verba exigida pelo Governo da Madeira.
Francamente, quando ouço alguns gurus da finança e da economia dizer que o futuro económico do ocidente está na China não consigo reprimir uma forte sensação de que, por qualquer razão obscura, me estão a mentir com quantos dentes têm na boca. Sendo como dizem, seria de esperar que a economia chinesa que desde há 30 anos e mesmo durante a crise sempre cresceu, em média, acima dos 9%, influenciasse positivamente a economia mundial no momento que estamos a viver. E isso não aconteceu, antes pelo contrário.
Não sou, felizmente, um expert na matéria, mas vejo, ouço e leio e a sensação que me fica é a de que se a China alguma vez chegar a ser o “Grande Importador” que eles preconizam, já as indústrias ocidentais não terão nada para exportar, por terem sido canibalizadas por uma economia sem regras, que ninguém tem a coragem de travar.
Então, ainda veremos o nosso regalado “modus vivendi”, do qual, por nada, queremos abdicar, transformado em duas malgas de arroz e lentilhas, acompanhadas por uns croquetes de escaravelho, se os houver.
Penso que, cada vez mais, deveremos levar a sério o apelo para que consumamos produtos portugueses.
sábado, 30 de janeiro de 2010
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