sexta-feira, 5 de junho de 2009

Hoje falamos de: Tiananmen

A geração dos anos 40/50, a chamada do “Baby Boom”, por ter nascido no período imediato ao fim da II Grande Guerra em que houve uma “explosão”de nascimentos – é fácil compreender porquê – tem tido o privilégio de assistir a importantes acontecimentos, que não deixaram ninguém indiferente. Uns marcaram pela positiva, outros, verdadeiramente lamentáveis, pela negativa. Todos foram, porém, portadores de ensinamentos inigualáveis. Por isso, sem querer tirar a importância a algum deles, refiro, apenas, aqueles em que a juventude teve maior relevância, nas lutas contra regimes conservadores e autocráticos de direita ou ditatoriais e repressivos de esquerda. Lembro, a propósito, Maio de 68, em França, lembro Setembro de 69 em Portugal, lembro Abril de 74, em Portugal, lembro, particularmente, Junho de 89 na China.
Era o dia 3 de Junho, Sábado, do ano de 1989, passaram-se, apenas, 20 anos – quando já no nosso país a nossa juventude usufruía da liberdade por outros conquistada – que milhares de jovens chineses, a maioria estudantes, se juntaram na mítica Praça de Tiananmen, em Pequim, protestando contra a ditadura pedindo, apenas… democracia. Estavam de mãos vazias contra um regime comunista, com uma “escola” de repressão e violência criada por Mao Tsé Tung.
Estavam de mãos vazias, disse, mas exigiam uma arma, que de bélico não tem nada, mas cujo efeito pode ser devastador. A arma do voto pessoal e secreto.
Mas, esta arma o regime comunista não estava disposto dar. Em vez dela mandou tanques e soldados armados com metralhadoras, que os estudantes, de mãos vazias, enfrentaram oferecendo a vida. Milhares de vidas. Quantas? Parece que ninguém sabe, ou melhor, ninguém quer saber, nem cá e muito menos lá, porque o regime comunista chinês ameaça e reprime de forma violenta mas subtil, destruindo as carreiras profissionais ou internando em clínicas psiquiátricas, como é prática dos regimes comunistas, quem tem a ousadia de recordar o massacre.
Incomoda pensar que, há apenas 20 anos atrás, enquanto milhares de jovens trocavam a vida por um voto, já nós malbaratávamos a nossa possibilidade de o usar. E hoje, invocando os mais disparatados argumentos, essa propensão para o desperdício do voto continua a verificar-se. Mais do que uma pena, é uma imoralidade

2 comentários:

  1. Muito bom artigo!
    Bem escrito, longo o suficiente e com um tema bastante actual, sem nunca o referir.

    É extraordinário como há pessoas capazes de trabalhar para os outros...
    Dar a vida???
    Uuuuiii...

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