terça-feira, 19 de maio de 2009

Hoje falamos de: vertente social

O panorama social de Anadia não é muito conhecido pelos anadienses em geral.
Tudo parece funcionar como se não existissem problemas, mas, cada um de nós, localmente, os pode identificar com facilidade. Uns menos graves e outros de franca carência a vários níveis, com intervenção sucessivamente adiada. O concelho de Anadia dispõe de uma rede de apoio social, constituída por 18(1) instituições, que é considerada uma das mais completas do distrito, e uma das melhores da NUT III – Sub-região do Baixo Vouga. E são elas, mais do que cada um de nós, que têm a real percepção do problema.
Estas instituições de solidariedade, bem como de outro tipo, nomeadamente juntas de freguesia, constituem a denominada Rede Social, que engloba um outro organismo, mais amplo denominado CLASA.
São estas instituições que, quer pela sua reconhecida qualidade, quer pela sua vocação, quer pela sua proximidade e relação com os problemas sociais, são parceiros de privilégio, em qualquer acção que vise o ataque ou o controlo de situações que requeiram intervenção social, sejam elas antigas ou que eventualmente venham a ocorrer. É, obviamente, inimaginável pensar que qualquer acção seja delineada sem a participação activa e profissional das instituições a quem, em 1ª instância compete a gestão operacional do ambiente social do conselho de Anadia.
Não parece, contudo, ser essa a opinião da Câmara Municipal, que, de moto próprio, revelando o autoritarismo que lhe é peculiar, sem qualquer aconselhamento, sem qualquer estudo ou previsão sem, tão pouco, a presença de um membro de um dos organismos que verdadeiramente vivem os problemas no seu dia a dia, resolve, com pompa e circunstância, anunciar o cartaz artístico (?) de uma feira e, ao mesmo tempo revelar, também, (porquê só agora?), a sua preocupação com o combate à carências sociais, anunciando a criação de um fundo, com receitas da dita feira, mais uma dotação orçamental. De quanto? Para acudir a que tipo e número de situações? Serão suficientes 50 000€?ou 500 000€?ou nada? Não há um valor, uma estimativa que me possa orientar relativamente ao bilhete que devo comprar, já que é a mim (a si) que a câmara pede para financiar a crise? Devo, então, comprar um bilhete de 5, ou de 1 basta?
Não coloco em causa nem a ideia nem a intenção. Somente a forma como o assunto, aparentemente, é formulado: sem plano bem definido, sem uma estratégia baseada em algo concreto, sem integração com o factor preponderante: as IPSS. Será que este acto de caridadezinha é apenas um argumento para justificar a realização deste evento a que chamam feira e, cujo brilho, se o tem, se deve, fundamentalmente, aos produtores de vinho e caves presentes, mas onde a cerveja é a única bebida que se paga?
Haja paciência!

(1) – Há ainda duas associações de dadores de sangue Mogofores e Sangalhos
(NUTs - Unidades Territoriais Para Fins Estatístico. A NUTIII – Sub Região do Baixo Vouga é composta pelos seguintes concelhos: Águeda, Albergª a Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Sever do Vouga e Vagos.)
( CLASA - Conselho Local de Acção Social de Anadia que engloba várias dezenas de entidades).
IPSS – Instituições Particulares de Solidariedade Social.

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