O panorama social de Anadia não é muito conhecido pelos anadienses em geral.
Tudo parece funcionar como se não existissem problemas, mas, cada um de nós, localmente, os pode identificar com facilidade. Uns menos graves e outros de franca carência a vários níveis, com intervenção sucessivamente adiada. O concelho de Anadia dispõe de uma rede de apoio social, constituída por 18(1) instituições, que é considerada uma das mais completas do distrito, e uma das melhores da NUT III – Sub-região do Baixo Vouga. E são elas, mais do que cada um de nós, que têm a real percepção do problema.
Estas instituições de solidariedade, bem como de outro tipo, nomeadamente juntas de freguesia, constituem a denominada Rede Social, que engloba um outro organismo, mais amplo denominado CLASA.
São estas instituições que, quer pela sua reconhecida qualidade, quer pela sua vocação, quer pela sua proximidade e relação com os problemas sociais, são parceiros de privilégio, em qualquer acção que vise o ataque ou o controlo de situações que requeiram intervenção social, sejam elas antigas ou que eventualmente venham a ocorrer. É, obviamente, inimaginável pensar que qualquer acção seja delineada sem a participação activa e profissional das instituições a quem, em 1ª instância compete a gestão operacional do ambiente social do conselho de Anadia.
Não parece, contudo, ser essa a opinião da Câmara Municipal, que, de moto próprio, revelando o autoritarismo que lhe é peculiar, sem qualquer aconselhamento, sem qualquer estudo ou previsão sem, tão pouco, a presença de um membro de um dos organismos que verdadeiramente vivem os problemas no seu dia a dia, resolve, com pompa e circunstância, anunciar o cartaz artístico (?) de uma feira e, ao mesmo tempo revelar, também, (porquê só agora?), a sua preocupação com o combate à carências sociais, anunciando a criação de um fundo, com receitas da dita feira, mais uma dotação orçamental. De quanto? Para acudir a que tipo e número de situações? Serão suficientes 50 000€?ou 500 000€?ou nada? Não há um valor, uma estimativa que me possa orientar relativamente ao bilhete que devo comprar, já que é a mim (a si) que a câmara pede para financiar a crise? Devo, então, comprar um bilhete de 5, ou de 1 basta?
Não coloco em causa nem a ideia nem a intenção. Somente a forma como o assunto, aparentemente, é formulado: sem plano bem definido, sem uma estratégia baseada em algo concreto, sem integração com o factor preponderante: as IPSS. Será que este acto de caridadezinha é apenas um argumento para justificar a realização deste evento a que chamam feira e, cujo brilho, se o tem, se deve, fundamentalmente, aos produtores de vinho e caves presentes, mas onde a cerveja é a única bebida que se paga?
Haja paciência!
(1) – Há ainda duas associações de dadores de sangue Mogofores e Sangalhos
(NUTs - Unidades Territoriais Para Fins Estatístico. A NUTIII – Sub Região do Baixo Vouga é composta pelos seguintes concelhos: Águeda, Albergª a Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Sever do Vouga e Vagos.)
( CLASA - Conselho Local de Acção Social de Anadia que engloba várias dezenas de entidades).
IPSS – Instituições Particulares de Solidariedade Social.
terça-feira, 19 de maio de 2009
sexta-feira, 15 de maio de 2009
A verdade incomoda
A criação de "anadiatemvoz" foi noticiada pelo blog "anadia100gente", este, um blog muito profissional, de carácter generalista, muito bem apresentado. Parabéns.
É transcrita, no "anadia100gente" parte do texto de apresentação, do "anadiatemvoz", o que muito me honra. O trecho suscitou várias reacções, expressas, até à data, em 8 comentários, alguns deles nada elogiosos mas que, não obstante, me deixam francamente satisfeito, porque são, afinal, a prova de que tenho razão. Por outro lado, demonstram que o blog não lhes é indiferente.
Há pessoas muito incomodadas com o anonimato do blog, recorrendo a este argumento para desvalorizar o "anadiatemvoz", como se fosse o único nestas condições e espetar umas farpas maldosas, usando o mesmo anonimato que tão veementemente condenam.
Aliás, o blog tem nome e eu, nos meus posts, um pseudónimo, apenas por uma questão de estilo e nunca para usar como arma de arremesso. Quem me conhece sabe que eu não me escondo atrás de quaisquer barreiras quando decido atirar "pedras". Porém, quem pretender publicar neste blog pode, com toda a legitimidade, usar o seu nome verdadeiro.
O problema não está no anonimato, mas sim no que se escreve a coberto dele. Que eu saiba, ninguém condena José Maria dos Reis Pereira, ou Fernando António Nogueira Pessoa e muitos outros por se identificarem com pseudónimos, em escritos seus.
Num dos comentários já aqui referidos há mesmo quem, certamente por não conseguir controlar os impulsos de um elevado QI, tente identificar o autor do blog. A esse anónimo lamento ter dizer que está redondamente eganado.
É transcrita, no "anadia100gente" parte do texto de apresentação, do "anadiatemvoz", o que muito me honra. O trecho suscitou várias reacções, expressas, até à data, em 8 comentários, alguns deles nada elogiosos mas que, não obstante, me deixam francamente satisfeito, porque são, afinal, a prova de que tenho razão. Por outro lado, demonstram que o blog não lhes é indiferente.
Há pessoas muito incomodadas com o anonimato do blog, recorrendo a este argumento para desvalorizar o "anadiatemvoz", como se fosse o único nestas condições e espetar umas farpas maldosas, usando o mesmo anonimato que tão veementemente condenam.
Aliás, o blog tem nome e eu, nos meus posts, um pseudónimo, apenas por uma questão de estilo e nunca para usar como arma de arremesso. Quem me conhece sabe que eu não me escondo atrás de quaisquer barreiras quando decido atirar "pedras". Porém, quem pretender publicar neste blog pode, com toda a legitimidade, usar o seu nome verdadeiro.
O problema não está no anonimato, mas sim no que se escreve a coberto dele. Que eu saiba, ninguém condena José Maria dos Reis Pereira, ou Fernando António Nogueira Pessoa e muitos outros por se identificarem com pseudónimos, em escritos seus.
Num dos comentários já aqui referidos há mesmo quem, certamente por não conseguir controlar os impulsos de um elevado QI, tente identificar o autor do blog. A esse anónimo lamento ter dizer que está redondamente eganado.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Texto de Lino Pintado publicado no RB e JB de 13/05
O triste fim do Cine Teatro S. Jorge
Quando a Câmara de Anadia comprou o Cine Teatro S. Jorge esperava-se que, no mínimo, lhe estivesse destinada a utilização que sempre teve. Era o espaço dos principais acontecimentos culturais e recreativos do concelho. Era espaço de cinema, teatro, música, dança, festas, homenagens, debates e sessões de esclarecimento. Mas não, inexplicavelmente, depois de passar a propriedade camarária o projecto gizado para o Cine Teatro foi votá-lo ao mais completo desprezo e abandono. Agora agoniza, de forma deplorável, em ruínas onde proliferam ratos e outra bicharada, colocando em risco a saúde e segurança dos moradores vizinhos.
Com lotação para cerca de 500 pessoas, (o recém inaugurado tem 266) distribuída por plateia, balcão e camarotes laterais, o belo S. Jorge foi, durante largas décadas, o salão nobre de Anadia. Um espaço onde a sociedade Anadiense celebrava a cultura, a festa, a cidadania e a liberdade. Onde colectividades e escolas do concelho realizavam eventos. Onde representaram grandes actores e desfilaram figuras ilustres do país. Onde, a seguir ao 25 de Abril, partidos políticos apresentavam propostas para construção de uma democracia acabada de nascer. Ali, tudo acontecia. Era mais que um simples espaço. Era um pedaço de história viva, onde ficaram gravados muitos dos marcantes momentos do nosso passado. Era parte de nós.
Atempadamente propusemos a sua recuperação e conversão numa oficina de artes performativas para o ensino da música, teatro, dança e realização de espectáculos. Mas a tranquilidade da minha consciência facilmente é superada pela força da vergonha e tristeza que sinto enquanto Anadiense confrontado com o estado em que o S. Jorge se encontra.
Aquilo que começou como um atentado ao património histórico e cultural é agora também um atentado ambiental a que urge dar solução.
Mas a situação do S. Jorge configura ainda, mais uma esponja passada na memória colectiva do nosso concelho. Talvez a maior de todas.
É pena, porque uma comunidade com futuro é a que respeita o seu passado. Se apagamos a história, perdemos as referências que nos conferem identidade e estrutura. Perde-se sentimento de pertença a uma comunidade enquanto elo de ligação colectiva e razão de afectividade e enraizamento a um determinado espaço e grupo. No fundo, deixamos de saber o que somos, o que representamos, a que pertencemos.
Ora, a identidade colectiva de um povo é a sua essência e sem ela é muito mais difícil encontrar um rumo e programar estratégias de desenvolvimento.
Os que defendem que se abata o velho para construir o novo usam, muitas vezes, o perturbante argumento do progresso e da modernidade. Pura ilusão! Modernidade não é demolir ou votar ao abandono edifícios com valor histórico e arquitectónico pela simples razão de serem velhos. Isso tem outro nome: Ignorância. Modernidade é o contrário, é preservar e reabilitar edifícios históricos, recuperando-os, requalificando-os se necessário, tornando-os funcionais e optimizando essa funcionalidade ao serviço do futuro. Modernidade é dar futuro ao passado e saber conjugar e fazer conviver o antigo com o contemporâneo.
Já repeti algumas vezes esta argumentação. O suficiente para perceber que não é entendida e aceite pela maioria PSD na Câmara. Mas se é pedir muito que olhem para os bons exemplos de vários concelhos ou que pensem e cheguem a uma conclusão diferente daquela a que têm chegado e que tem sido nenhuma, então, pelo menos, resolvam urgentemente este grave problema ambiental. Está em causa a saúde e segurança pública. Ou também será pedir muito?
O triste fim do Cine Teatro S. Jorge
Quando a Câmara de Anadia comprou o Cine Teatro S. Jorge esperava-se que, no mínimo, lhe estivesse destinada a utilização que sempre teve. Era o espaço dos principais acontecimentos culturais e recreativos do concelho. Era espaço de cinema, teatro, música, dança, festas, homenagens, debates e sessões de esclarecimento. Mas não, inexplicavelmente, depois de passar a propriedade camarária o projecto gizado para o Cine Teatro foi votá-lo ao mais completo desprezo e abandono. Agora agoniza, de forma deplorável, em ruínas onde proliferam ratos e outra bicharada, colocando em risco a saúde e segurança dos moradores vizinhos.
Com lotação para cerca de 500 pessoas, (o recém inaugurado tem 266) distribuída por plateia, balcão e camarotes laterais, o belo S. Jorge foi, durante largas décadas, o salão nobre de Anadia. Um espaço onde a sociedade Anadiense celebrava a cultura, a festa, a cidadania e a liberdade. Onde colectividades e escolas do concelho realizavam eventos. Onde representaram grandes actores e desfilaram figuras ilustres do país. Onde, a seguir ao 25 de Abril, partidos políticos apresentavam propostas para construção de uma democracia acabada de nascer. Ali, tudo acontecia. Era mais que um simples espaço. Era um pedaço de história viva, onde ficaram gravados muitos dos marcantes momentos do nosso passado. Era parte de nós.
Atempadamente propusemos a sua recuperação e conversão numa oficina de artes performativas para o ensino da música, teatro, dança e realização de espectáculos. Mas a tranquilidade da minha consciência facilmente é superada pela força da vergonha e tristeza que sinto enquanto Anadiense confrontado com o estado em que o S. Jorge se encontra.
Aquilo que começou como um atentado ao património histórico e cultural é agora também um atentado ambiental a que urge dar solução.
Mas a situação do S. Jorge configura ainda, mais uma esponja passada na memória colectiva do nosso concelho. Talvez a maior de todas.
É pena, porque uma comunidade com futuro é a que respeita o seu passado. Se apagamos a história, perdemos as referências que nos conferem identidade e estrutura. Perde-se sentimento de pertença a uma comunidade enquanto elo de ligação colectiva e razão de afectividade e enraizamento a um determinado espaço e grupo. No fundo, deixamos de saber o que somos, o que representamos, a que pertencemos.
Ora, a identidade colectiva de um povo é a sua essência e sem ela é muito mais difícil encontrar um rumo e programar estratégias de desenvolvimento.
Os que defendem que se abata o velho para construir o novo usam, muitas vezes, o perturbante argumento do progresso e da modernidade. Pura ilusão! Modernidade não é demolir ou votar ao abandono edifícios com valor histórico e arquitectónico pela simples razão de serem velhos. Isso tem outro nome: Ignorância. Modernidade é o contrário, é preservar e reabilitar edifícios históricos, recuperando-os, requalificando-os se necessário, tornando-os funcionais e optimizando essa funcionalidade ao serviço do futuro. Modernidade é dar futuro ao passado e saber conjugar e fazer conviver o antigo com o contemporâneo.
Já repeti algumas vezes esta argumentação. O suficiente para perceber que não é entendida e aceite pela maioria PSD na Câmara. Mas se é pedir muito que olhem para os bons exemplos de vários concelhos ou que pensem e cheguem a uma conclusão diferente daquela a que têm chegado e que tem sido nenhuma, então, pelo menos, resolvam urgentemente este grave problema ambiental. Está em causa a saúde e segurança pública. Ou também será pedir muito?
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Apresentação do blog anadiatemvoz
Caras amigas e caros amigos
Para quê mais um blog de Anadia? perguntarão vocês.
De facto temos assistido, ultimamente, a uma profusão de blogs administrados por blogers de Anadia mas, de todos eles, venha o diabo e escolha. Perdem-se na piada fácil, regra geral ofensiva, no enxovalho, no ataque pessoal, até no elogio fúnebre do Salazarismo. Mas, ideias verdadeiramente contributivas para o engrandecimento deste concelho, cada vez mais envelhecido ( taxa de natalidade 3 pontos inferior à média do país e 2,5 pontos inferior à média da NUT III, e taxa bruta de mortalidade 2 pontos superior à NUT III, na qual estamos integrados) onde cada vez mais escasseiam as oportunidades para a juventude e não apenas para ela, essas, nem vê-las.
A constatação desta triste realidade levou-me a criar este blog e a chamer-lhe aquilo que quero que ele seja: a voz de uma anadia com capacidade crítica, interventiva, disposta a acabar com status vigente, promotora da mudança, que faça da esperança a mola impulsionadora, mas que, acima de tudo, tenha ideias.
Caro amigo/amiga, não tenha medo de deixar neste espaço as suas opiniões, as suas queixas, as suas preocupações as suas sugestões. O blog permite a omissão da identificação, mas não use o anonimato para desrespeitar, ofender ou caluniar seja quem for.
Escrevam. O espaço é vosso.
Um abraço
Zaratustra
Para quê mais um blog de Anadia? perguntarão vocês.
De facto temos assistido, ultimamente, a uma profusão de blogs administrados por blogers de Anadia mas, de todos eles, venha o diabo e escolha. Perdem-se na piada fácil, regra geral ofensiva, no enxovalho, no ataque pessoal, até no elogio fúnebre do Salazarismo. Mas, ideias verdadeiramente contributivas para o engrandecimento deste concelho, cada vez mais envelhecido ( taxa de natalidade 3 pontos inferior à média do país e 2,5 pontos inferior à média da NUT III, e taxa bruta de mortalidade 2 pontos superior à NUT III, na qual estamos integrados) onde cada vez mais escasseiam as oportunidades para a juventude e não apenas para ela, essas, nem vê-las.
A constatação desta triste realidade levou-me a criar este blog e a chamer-lhe aquilo que quero que ele seja: a voz de uma anadia com capacidade crítica, interventiva, disposta a acabar com status vigente, promotora da mudança, que faça da esperança a mola impulsionadora, mas que, acima de tudo, tenha ideias.
Caro amigo/amiga, não tenha medo de deixar neste espaço as suas opiniões, as suas queixas, as suas preocupações as suas sugestões. O blog permite a omissão da identificação, mas não use o anonimato para desrespeitar, ofender ou caluniar seja quem for.
Escrevam. O espaço é vosso.
Um abraço
Zaratustra
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